quinta-feira, março 26, 2009

Domingo Laetare, IV Domingo da Quaresma - Dominica IV in Quadragesima

No Mosteiro de São Bento de Jundiaí-SP, às 18h do dia 21.3.2009.

Entrada - Hino “Ó Pai nesta Quaresma” (melodia de Alfredo Votta, hino das Vésperas na Quaresma da Liturgia das Horas)
Introito - em latim, segundo o Graduale Romanum, de Alfredo Votta: “Laetare, Ierusalem” [cf. Is 66, 10.11]
Ato Penitencial - de Alfredo Votta [Kyrie Santa Paulina]
Salmo responsorial - segundo o Lecionário, no tom 2 [Sl 136]
Antes do Evangelho - melodia São Júlio I, de Jeff Ostrowski, adaptada por Alfredo Votta: “Louvor e honra a vós, Senhor Jesus”
Versículo antes do Evangelho - segundo o Lecionário (Alfredo Votta) [Jo 3, 16]
Ofertório - segundo o Graduale [Sl 134, 3.6] (”Louvai o Senhor, porque Ele é bom...”)
Ofertório - Hino “A abstinência quaresmal” (melodia do Liber Hymnarius, hino do Ofício das Leituras da Liturgia das Horas)
Sanctus - em português [não conheço o autor]
Grande Amém - de Jeff Ostrowski
Agnus Dei - Cordeiro de Deus em português [não conheço o autor]
Comunhão - gregoriano do Graduale Romanum “Ierusalem quae aedificatur ut civitas” (Sl 121, 3.4 - com versículos)
Saída - instrumental: verseto no terceiro tom de Abraham van den Kerckhoven (1618-1701) - nº60 do “Monumenta musicae belgicae”

segunda-feira, março 09, 2009

II Domingo da Quaresma - Dominica II in Quadragesima

Primeira vez que realizo a música de uma Missa na Quaresma.

Não se usa música instrumental na Missa neste período; mesmo, assim, considero que a peça utilizada na saída possa ser instrumental, já que neste momento a Missa já terminou. Mesmo assim, utilizei uma composição curta, terminando em acorde menor (um verseto de Abraham van den Kerckhoven). Não utilizei nada instrumental depois da comunhão - melhor dizendo, não usei nada mesmo vocal, deixando este período em silêncio.

Na comunhão pela segunda vez utilizei o gregoriano do Graduale. Nos folhetos que distribuo, a cada Missa, incluo o texto latino com a tradução em português - tanto da antífona como dos versículos.

*

No Mosteiro de São Bento de Jundiaí-SP, às 18h do dia 7.3.2009.

Entrada - Hino “Ó Pai nesta Quaresma” (melodia de Alfredo Votta, hino das Vésperas na Quaresma da Liturgia das Horas)
Introito - em português, segundo o Graduale Romanum (Alfredo Votta): “Meu coração disse” [Sl 26, 8.9]
Ato Penitencial - de Alfredo Votta [Kyrie Santa Paulina]
Salmo responsorial - segundo o Lecionário, no tom 2 [Sl 115]
Antes do Evangelho - de Alfredo Votta: "Louvor a vós, ó Cristo, Rei da eterna glória"
Versículo antes do Evangelho - segundo o Lecionário (Alfredo Votta) [Lc 9, 35]
Ofertório - segundo o Graduale [Sl 118, 47.48] (”Encontrarei minhas delícias em vossos mandamentos…”)
Ofertório - Hino “A abstinência quaresmal” (melodia do Liber Hymnarius, hino do Ofício das Leituras da Liturgia das Horas)
Sanctus - em português [não conheço o autor]
Grande Amém - de Jeff Ostrowski
Agnus Dei - Cordeiro de Deus em português [não conheço o autor]
Comunhão - gregoriano do Graduale Romanum “Visionem quam vidistis” (Mt 17, 9 - com versículos do Salmo 44)
Saída - instrumental: verseto no terceiro tom de Abraham van den Kerckhoven (1618-1701) - nº59 do "Monumenta musicae belgicae"

segunda-feira, março 02, 2009

O estado de alma na oração litúrgica

Um aspecto muito interessante da Liturgia das Horas que eu gostaria de sublinhar é a possibilidade de o fiel se deparar, na sua recitação, com salmos cujo conteúdo contrasta com seu presente estado psicológico.Suponha-se que, sentindo-se feliz, cheio de júbilo e otimista, o fiel proceda à recitação do Ofício Divino e, nele, encontre a XIV parte do Salmo 118:

Ó Senhor, estou cansado de sofrer;

Vossa palavra me devolva a minha vida!

Ou, de outro modo, sentindo-se deprimido e, de alguma forma, abandonado, depare-se com estes versículos do salmista:

Bendito seja o Senhor Deus que me escutou,

Não rejeitou minha oração e meu clamor,

Nem afastou longe de mim o seu amor!

Trata-se de uma situação comum à Liturgia de modo geral, tanto do Ofício Divino como da Santa Missa. Por serem atos públicos, sua codificação pela Igreja faz com que todos os fiéis se unam nas mesmas orações prescritas para um determinado dia litúrgico, formulário de Missa ou hora do Ofício.

Além disto, existem também os tempos litúrgicos, e a mesma dificuldade poderia ocorrer: o fiel não sente de verdade a alegria do Tempo Pascal, não consegue se concentrar nas práticas da Quaresma e assim por diante.

Naturalmente nada disto que digo é uma defesa da “oração espontânea” em detrimento da Liturgia da Igreja. Muito pelo contrário; a oração particular me parece ser, e muito, enriquecida pela oração litúrgica em todos os seus aspectos, inclusive este de “incompatibilidade psicológica”.

No mais, a oração torna-se mais ampla, deixando de limitar-se a um tempo demarcado. No dia de hoje, embora feliz, rezo um salmo que me faz recordar dias difíceis pelos quais eu tenha passado; outra possibilidade é a de pensar e rezar por aquelas pessoas que vivem a situação descrita no salmo.

Não posso deixar de lembrar que isto são esboços de uma reflexão pessoal, e que existe nos salmos aquela dimensão fundamental de orações que apontam para a vinda do Messias. Há muitos textos excelentes a este respeito, e a IGLH (Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas) traz, de modo breve, alguns ensinamentos a este respeito.

Termino esta pequena reflexão citando um importante parágrafo da mesma IGLH, precisamente ligado ao assunto que abordei:

108. Na Liturgia das Horas, quem salmodia não o faz tanto em seu próprio nome, como em nome de todo o Corpo de Cristo, e ainda na pessoa mesma do próprio Cristo.

Aquele que tem isso bem presente resolve as dificuldades que possam surgir, ao perceber que os sentimentos do seu coração, enquanto salmodia, discordam dos afetos que o salmo expressa.

Por exemplo, estando triste e cheio de amargura, canta um salmo de júbilo, ou, estando feliz, canta um salmo de lamentação. Na oração meramente particular isto facilmente se evita, porque nela há liberdade para escolher um salmo adequado ao próprio estado de alma.

Contudo, no Ofício divino, os salmos em sua sequência oficial não se cantam em particular, mas em nome da Igreja, mesmo quando alguém recita sozinho alguma das Horas.

Quem salmodia em nome da Igreja poderá sempre encontrar motivos de alegria ou tristeza, porque também a isto se aplica a passagem do Apóstolo: “Alegrar-se com os que se alegram e chorar com os que choram” (Rm 12, 15).

Assim, a fraqueza humana, ferida pelo amor de si própria, é curada na medida do amor com que a mente acompanha a voz de quem salmodia.