sexta-feira, outubro 03, 2008

As três primeiras Liturgias

Já escrevi até sobre destituição de peça do meu “catálogo”, mais precisamente Veni, para piano, embora ela não tenha sido a única a ter essa honra. É que, pelo menos pelo que eu me lembre, ela foi dessas deserdadas a mais longa e a que teve mais longo processo de composição, de 1993 a 2005 ou 2006 (não me lembro de memória). Claro que não passei esses anos todos escrevendo essa peça, mas suas diversas partes foram escritas aqui e ali ao longo desse tempo todo.

Hoje escrevo sobre uma mudança de título, coisa que também já havia ocorrido antes. Se continuo tolerando o paganismo de As sacerdotisas, dos Luádios (1998), não suportei os títulos pagãos de Satélite Ganimedes, Satélite Calisto e Satélite Io, a primeira de 2007 e as duas seguintes de 2008. Ainda que fossem títulos astronômicos, já me desagradava muito sua evocação pagã, e não só: evocação pagã de amantes de Júpiter. Além disto, os títulos dos movimentos são completamente cristãos, vários deles explicitamente.

Escolhi o nome de Liturgia para estas peças, números 1, 2 e 3, respectivamente. É, inclusive, um nome que eu já pretendia usar. E ainda não chegou o momento de usar o nome Sonata para peças - eu vinha resistindo muito, mas é possível que venha a adotá-lo.

A Liturgia nº3, portanto, foi terminada há não muitos dias e tem três movimentos:

I. Misteriosos desejos do infinito
II. Época de flores brancas
III. A pequena via

Neles alguém talvez não encontre os títulos "explicitamente cristãos" de que eu havia falado. É verdade. As duas primeiras Liturgias têm movimentos nomeados segundo os três Arcanjos, o Santo Anjo da Guarda, e outros três segundo versículos bíblicos ou nomes de melodias gregorianas. Aqui, somente A pequena via talvez faça alguns pensarem na grande Santa Teresa de Lisieux. Não sei explicar sua "pequena via" e, talvez por isso mesmo, uso esta expressão como título de um movimento.

A Liturgia nº3 parece querer que sol eólio (hm, sol menor?...) seja sua tônica, ou seu modo; todos os movimentos começam nesse modo; o terceiro termina nele, o primeiro termina em sol frígio e o segundo em ré frígio. Essas relações todas são bem próximas... e, de fato, esta peça é toda tímida nas suas escolhas de modulação. Mesmo o primeiro movimento, que usa um pouco de politonalidade, e modula para lugares um pouco mais distantes, restringe bem os seus passeios, neste aspecto.

Falar em restrição me soou um pouco limitador, por uns instantes, mas longe disso, na verdade. O terceiro movimento da segunda Liturgia não usa mais do que sete notas. E esta escolha se tem repetido em outras peças que tenho escrito.

O trabalho de transcrever estas peças no computador é grande, mas acho que estou tendo boa paciência. Misteriosos desejos do infinito me faria muito feliz quando eu tinha uns 12 ou 15 anos, com seus 389 compassos. Hoje faz-me feliz pelo que expressa, e a minha ambição provavelmente quisesse passar dos 400 compassos...

*

Pretendo colocar os Luádios, a partitura, para download no meu site, mas não sei quando será isso, exatamente. Fiz uma nova edição, em outro editor de partitura, de quatro das dez peças. Ainda neste ano faço isto...

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