Ando devagar - I
Evitar a cadência V - I é um recurso interessante para variar um pouco a harmonia quando se faz música tonal. Não é evidentemente nenhuma novidade, e é das primeiras coisas que se apontam em Wagner quando se analisa sua música.
Trata-se também de uma possibilidade de dar uma atmosfera mais modal à música. Acontece muito em Debussy, como não poderia deixar de ser.
Recentemente andei prestando atenção a isso também na música popular. Notei que na conhecida canção Tocando em frente, de Almir Sater e Renato Teixeira, acontece exatamente isso. Nunca vem um V - I. E a música já começa no V, desce para IV e então vai para I.
I vem sempre do IV ou então do II, como mais adiante, em que se alternam algumas vezes IV e II.
A seqüência V - IV - I, tocada duas vezes, é a primeira parte. A alternância II - IV - ... - I é a segunda.
Na passagem da primeira parte para a segunda, aparece V. Nos sites de cifras que consultei a música termina sempre com V, o que pode ser mudado conforme o arranjo (e fazer a canção terminar em I); mas a conclusão em V é muito mais interessante.
*
Não sei se esta música é muito conhecida em outras regiões do Brasil, tendo a pensar que seja mais popular nos estados caipiras. É uma bela canção com uma bela letra. O título deste post vem do seu início ("Ando devagar porque já tive pressa...").
*
Já havia pensado em escrever sobre Tocando em frente quando ouvi minha irmã ouvir, mais uma vez, Songbird, do Oasis. É harmonicamente mais simples que Tocando em frente (que já é simples), e não tem, nunca, V - I. Ela é, basicamente, uma alternância de I e VI; e me soa como uma recitação ou cantilação um pouco mais desenvolvida.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial