quarta-feira, novembro 07, 2007

Ando devagar - I

Evitar a cadência V - I é um recurso interessante para variar um pouco a harmonia quando se faz música tonal. Não é evidentemente nenhuma novidade, e é das primeiras coisas que se apontam em Wagner quando se analisa sua música.

Trata-se também de uma possibilidade de dar uma atmosfera mais modal à música. Acontece muito em Debussy, como não poderia deixar de ser.

Recentemente andei prestando atenção a isso também na música popular. Notei que na conhecida canção Tocando em frente, de Almir Sater e Renato Teixeira, acontece exatamente isso. Nunca vem um V - I. E a música já começa no V, desce para IV e então vai para I.

I vem sempre do IV ou então do II, como mais adiante, em que se alternam algumas vezes IV e II.

A seqüência V - IV - I, tocada duas vezes, é a primeira parte. A alternância II - IV - ... - I é a segunda.

Na passagem da primeira parte para a segunda, aparece V. Nos sites de cifras que consultei a música termina sempre com V, o que pode ser mudado conforme o arranjo (e fazer a canção terminar em I); mas a conclusão em V é muito mais interessante.

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Não sei se esta música é muito conhecida em outras regiões do Brasil, tendo a pensar que seja mais popular nos estados caipiras. É uma bela canção com uma bela letra. O título deste post vem do seu início ("Ando devagar porque já tive pressa...").

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Já havia pensado em escrever sobre Tocando em frente quando ouvi minha irmã ouvir, mais uma vez, Songbird, do Oasis. É harmonicamente mais simples que Tocando em frente (que já é simples), e não tem, nunca, V - I. Ela é, basicamente, uma alternância de I e VI; e me soa como uma recitação ou cantilação um pouco mais desenvolvida.

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