O post anterior, escrito há mais de um ano, deve causar uma bizarra primeira impressão em quem vem a este blog e dá de cara com ele. Então começo 2012 empurrando-o lá para baixo.
Talvez devesse voltar a escrever aqui. Vamos ver.
O post anterior, escrito há mais de um ano, deve causar uma bizarra primeira impressão em quem vem a este blog e dá de cara com ele. Então começo 2012 empurrando-o lá para baixo.
Hoje acontece o segundo turno da eleição presidencial do Brasil, e nesta madrugada eu estava aqui pensando nos números dos candidatos: o 45 do PSDB e o 13 do PT.
Apenas o sexto post do ano, neste 4 de Julho - mas o assunto não será este, de jeito nenhum.
Uma das coisas que tenho feito nesta ausência do blog (desde Janeiro) é escrever para o Salvem a Liturgia, para o qual fui convidado em Fevereiro. Isto me honrou muito; eu já era leitor deles e agora escrevo lá sobre música litúrgica.
O ano de 2010, em que escrevo este texto, marca o quinto centenário do nascimento de um outro pioneiro do Brasil: João de Prado, cuja vida foi um pouco menos longa que a de Garcia Rodrigues: faleceu em 1597. Embora o seu sobrenome seja realmente de Prado, é comum, como podemos esperar, que seu nome seja encontrado como do Prado em algumas pesquisas (eu mesmo faço muito isso, o que explica caso apareça assim mais adiante).
12. Francisco Rodrigues Barbeiro – 30-1-1588 – 80 braças em Piratininga, desde Domingos Fernandes até os matos onde já tinha sua casa. Câmara: João do Prado, juiz; Francisco Dias e Sebastião Leme, vereadores: Pedro Dias, escrivão.Num outro caso o nome do juiz também aparece, embora não nessa função. Não imagino se ele participou da decisão.
23. Diogo Fernandes – 16/5/1592 - Queria chãos junto à sua casa, no canto de João do Prado, ao lado de Gaspar Fernandes, confrontando do outro lado com Mateus Leme.João de Prado fez várias “entradas” no sertão, tendo sido erroneamente citado, por algumas fontes, como chefe da entrada na qual morreu em 1597.
Marcadores: Genealogia
Garcia Rodrigues já era casado com Izabel Velho (outra grafia possível: Isabel Velho), tendo dela filhos, quando chegou ao Brasil com Martim Afonso de Sousa. Nascera em 1490 no Porto, Portugal, aportando em São Vicente por volta de 1540. Teve vida longa: consta ter falecido em 1590.
Marcadores: Genealogia
2 de Janeiro de 2010, 18h
1º de Janeiro de 2010 – 18h
Os "relatórios litúrgicos" neste blog estão completamente atrasados, mas não há problema. O que de mais relevante consegui fazer foi completar a renovação do ordinário, deixando gradualmente de fazer o Sanctus e o Agnus Dei que se usavam antes, substituindo-os pelas minhas adaptações: no caso do Sanctus, uma adaptação de um tom salmódico do Padre Columba Kelly; no Agnus Dei, uma adaptação do Agnus Dei da Missa IV do Kyriale - tudo em português.
Realizei a música nos XVI e XVIII Domingos do Tempo Comum, recentemente.
Sendo 11 de Julho a memória de São Bento, o Mosteiro de São Bento de Jundiaí celebrou um Tríduo nos dias 8, 9 e 10. O capelão do mosteiro, D. Cláudio Corrêa, OSB, celebrou as Missas dos dias 8 e 11. No dia 10, o celebrante foi o pároco Pe. Donizete, da Catedral Nossa Senhora do Desterro.
Um bom texto do compositor americano Daniel Wolf; seu blog fica em renewablemusic.blogspot.com, e o post de que falo é este. Thanks to Daniel for allowing me to translate and publish his writing.
Pelo menos metade da minha formação de compositor vem da cópia de música. Não cópia no sentido de imitar a música dos outros, mas de copiar, nota a nota, composições dos outros; seja como trabalho encomendado por alguém, seja para meu próprio uso e estudo.
Tanto a tinta e caneta sobre papel como clicando num programa de edição de partituras, a cópia convida, e mesmo força, a que se preste atenção à música de forma analítica e íntima. Nada disto pode, digo pela minha experiência, ser substituído pela audição casual de gravações. A cópia também estimula a que se ouça imaginativamente, interpretando detalhes e passagens mais longas no tempo único proporcionado pela partitura escrita.
Grande parte do trabalho do copista é planejar o projeto, encontrando a maneira mais eficiente de transportar as notas do original para a cópia, imaginando a disposição mais elegante para as notas, os compassos, os sistemas, as páginas; tudo isto é trabalho analítico; traçar frases, seções, processos, semelhanças e diferenças, identificando táticas locais e estratégias globais tanto do original quanto da transcrição, além das inevitáveis e incalculáveis surpresas. Mesmo a decisão sobre onde pôr as viradas de página é um problema que convida a uma abordagem analítica e interpretativa!
É provavelmente desde que se escreve música que os compositores têm utilizado a cópia de música como treinamento. Histórias dos jovens Bach e Mozart copiando música são conhecidas de muitos músicos (pelo que me lembro, essas histórias com freqüência envolviam menções a velas e à deterioração da visão).
Por um lado, é bem possível que o uso da cópia, como da própria notação, diminuirá, dando lugar à transmissão aural e oral, a gravações e até mesmo a novas tecnologias ainda não imaginadas. Por outro, é difícil deixar de reconhecer quão útil tem sempre sido a cópia e quão eficiente e duradoura tecnologia tem sido a notação escrita para preservar e aprender a respeito da música.
Uma tecnologia eficiente, mas não uma tecnologia reprodutiva perfeita, no sentido de uma cópia digital perfeita de um arquivo de áudio: o risco e o charme (e, aos meus ouvidos, a vantagem) da cópia manual é a intervenção da interpretação no caminho da transmissão. De certo modo, trata-se simplesmente de mais um exemplo da Lei de Winslow: “se você quer uma cópia perfeita, aprenda com o ouvido; se quer garantir que mude com o tempo, escreva”. Entretanto, este ato interpretativo pode ser um primeiro passo movendo-se inevitavelmente em direção a uma nova composição.
Cada obra que copio (quando adolescente, copiei muito Webern e Machaut e Cage e Harrison e Purcell e Lully e transcrevi praticamente todas as notas de Harry Partch; mais tarde, sustentei-me parcialmente fazendo cópias para colegas; agora estou fazendo um trabalho interessante para a Material Press) é um convite para compor algo de novo; como se o traçado dos caminhos de cada uma dessas peças tornasse mais urgentes os caminhos que não foram percorridos.
No Mosteiro de São Bento de Jundiaí-SP, às 18h do dia 18.4.2009.
Encontrei aqui um arquivo em que anotei as peças que utilizei nas duas primeiras Missas em que toquei. Foram Organ Masses, se me perdoam o inglês que não gosto de misturar com português. E pior: nem foram Organ Masses de verdade, já que estas eram Missas Baixas do rito tridentino em que se tocava música instrumental.
5.5.2006
entrada: Scheidemann, Praeambulum in d
ofertório: Tellemann: trio da fantasia em sol maior (mi menor)
comunhão: Couperin: prélude em mi menor, em sol menor
final: Scheidemann, Praeambulum in d
entrada: Bach, Prelúdio em ré menor
ofertório: Tellemann: trio da fantasia em fá maior (ré menor)
comunhão: Couperin: prélude em mi menor, em sol menor
final: Bach, Prelúdio em ré menor
2.1.2007
Alleluia, Sanctus e Agnus Dei do “Jubilate Deo”
No Mosteiro de São Bento de Jundiaí-SP, às 18h do dia 21.3.2009.
Primeira vez que realizo a música de uma Missa na Quaresma.
Um aspecto muito interessante da Liturgia das Horas que eu gostaria de sublinhar é a possibilidade de o fiel se deparar, na sua recitação, com salmos cujo conteúdo contrasta com seu presente estado psicológico.Suponha-se que, sentindo-se feliz, cheio de júbilo e otimista, o fiel proceda à recitação do Ofício Divino e, nele, encontre a XIV parte do Salmo 118:
Ó Senhor, estou cansado de sofrer;
Vossa palavra me devolva a minha vida!
Ou, de outro modo, sentindo-se deprimido e, de alguma forma, abandonado, depare-se com estes versículos do salmista:
Bendito seja o Senhor Deus que me escutou,
Não rejeitou minha oração e meu clamor,
Nem afastou longe de mim o seu amor!
Trata-se de uma situação comum à Liturgia de modo geral, tanto do Ofício Divino como da Santa Missa. Por serem atos públicos, sua codificação pela Igreja faz com que todos os fiéis se unam nas mesmas orações prescritas para um determinado dia litúrgico, formulário de Missa ou hora do Ofício.
Além disto, existem também os tempos litúrgicos, e a mesma dificuldade poderia ocorrer: o fiel não sente de verdade a alegria do Tempo Pascal, não consegue se concentrar nas práticas da Quaresma e assim por diante.
Naturalmente nada disto que digo é uma defesa da “oração espontânea” em detrimento da Liturgia da Igreja. Muito pelo contrário; a oração particular me parece ser, e muito, enriquecida pela oração litúrgica em todos os seus aspectos, inclusive este de “incompatibilidade psicológica”.
No mais, a oração torna-se mais ampla, deixando de limitar-se a um tempo demarcado. No dia de hoje, embora feliz, rezo um salmo que me faz recordar dias difíceis pelos quais eu tenha passado; outra possibilidade é a de pensar e rezar por aquelas pessoas que vivem a situação descrita no salmo.
Não posso deixar de lembrar que isto são esboços de uma reflexão pessoal, e que existe nos salmos aquela dimensão fundamental de orações que apontam para a vinda do Messias. Há muitos textos excelentes a este respeito, e a IGLH (Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas) traz, de modo breve, alguns ensinamentos a este respeito.
Termino esta pequena reflexão citando um importante parágrafo da mesma IGLH, precisamente ligado ao assunto que abordei:
108. Na Liturgia das Horas, quem salmodia não o faz tanto em seu próprio nome, como em nome de todo o Corpo de Cristo, e ainda na pessoa mesma do próprio Cristo.
Aquele que tem isso bem presente resolve as dificuldades que possam surgir, ao perceber que os sentimentos do seu coração, enquanto salmodia, discordam dos afetos que o salmo expressa.
Por exemplo, estando triste e cheio de amargura, canta um salmo de júbilo, ou, estando feliz, canta um salmo de lamentação. Na oração meramente particular isto facilmente se evita, porque nela há liberdade para escolher um salmo adequado ao próprio estado de alma.
Contudo, no Ofício divino, os salmos em sua sequência oficial não se cantam em particular, mas em nome da Igreja, mesmo quando alguém recita sozinho alguma das Horas.
Quem salmodia em nome da Igreja poderá sempre encontrar motivos de alegria ou tristeza, porque também a isto se aplica a passagem do Apóstolo: “Alegrar-se com os que se alegram e chorar com os que choram” (Rm 12, 15).
Assim, a fraqueza humana, ferida pelo amor de si própria, é curada na medida do amor com que a mente acompanha a voz de quem salmodia.
No Mosteiro de São Bento de Jundiaí-SP, às 18h do dia 21.2.2009.
No Mosteiro de São Bento de Jundiaí-SP, às 18h do dia 7.2.2009.
Entrada - Hino “Deus que não tendes princípio” (melodia de Alfredo Votta, hino do Ofício das Leituras da Liturgia das Horas)
Introito - em português, segundo o Graduale Romanum (Alfredo Votta): “Vinde, inclinemo-nos” [Sl 94, 6.7]
Ato Penitencial - de Jeff Ostrowski [Kyrie D. Bosco]
Glória - dividido em seis estrofes de quatro versos, cantado no primeiro tom salmódico de St. Meinrad (padre Columba Kelly, OSB)
Salmo responsorial - segundo o Lecionário, no tom 8 [Sl 146]
Alleluia - de Alfredo Votta
Versículo do Alleluia - segundo o Graduale Romanum (Alfredo Votta) [Sl 116, 1]
Ofertório - segundo o Graduale [Sl 16, 5-7] (”Meus passos se mantiveram firmes nas vossas sendas…”)
Ofertório - Hino “Divindade, luz eterna” (melodia de Alfredo Votta, hino do Ofício das Leituras da Liturgia das Horas)
Sanctus - em português [não conheço o autor]
Grande Amém - de Jeff Ostrowski
Agnus Dei - Cordeiro de Deus em português [não conheço o autor]
Comunhão - em português, de Alfredo Votta, segundo o Graduale Romanum [Sl 42, 4] (”Eu me aproximarei do altar de Deus…”)
Comunhão - instrumental: “Magnificat” de Alexandre Guilmant (1837-1911) [versos I (Allegro), II (Andantino) e IV (Adagio)], em sol maior
Ação de Graças - Salve Rainha cantada a tom salmódico de Alfredo Votta, em português
Recessional - “Sortie douce” de Henri Mulet (1878-1967), em mi menor
No Mosteiro de São Bento de Jundiaí-SP, às 18h do dia 24.1.2009.
Entrada - Hino “Ó Paulo mestre dos povos” (melodia de Alfredo Votta, hino das Laudes da Festa da Conversão de São Paulo)
Introito - em português, segundo o Graduale Romanum (Alfredo Votta): “Sei em quem acreditei…” [2Tm 1, 12; 4, 8]
Ato Penitencial - de Jeff Ostrowski [Kyrie D. Bosco]
Glória - responsorial, em português (Alfredo Votta); refrão “Glória (…) por ele amados” adaptado do Gloria V do Kyriale
Salmo responsorial - segundo o Lecionário, no tom 5 [Sl 116]
Alleluia - de Alfredo Votta
Versículo do Alleluia - segundo o lecionário (Alfredo Votta) [Jo 15, 16]
Ofertório - segundo o Graduale [Sl 138, 17] (”Ó Deus, como são insondáveis…”)
Ofertório - Hino “Ao peso do mal vergados” (melodia de Alfredo Votta, hino do Ofício das Leituras da Festa da Conversão de São Paulo)
Sanctus - em português [não conheço o autor]
Grande Amém - de Jeff Ostrowski
Agnus Dei - Cordeiro de Deus em português [não conheço o autor]
Comunhão - em português, de Alfredo Votta, segundo o Missal [Gl 2, 20 com versículos do Salmo 88] (”Vivo da fé no Filho de Deus…”)
Ação de Graças - Dois versetos de Abraham van den Kerckhoven (1618-1701) [instrumental]
Ação de Graças - Hino “Concelebre a Igreja cantando” (melodia de Alfredo Votta, hino das Vésperas da Festa da Conversão de São Paulo)
Recessional - “Ad te” da “Salve Regina” de Kerckhoven [instrumental]