LIX
Ficar sem postar aqui parece que reduz o número de visitas, que, além de não serem muitas, vêm em grande parte de buscas curiosas feitas no Google. Este caderno azul continuo a considerá-lo um tanto solitário, sem tom de reclamação. Talvez me falte o impulso ou a iniciativa de escrever todos os dias, mas não tenho assunto para tanto. Até podia ter, mas não consigo simplesmente escrever qualquer coisa aqui, e ainda não me habituei a postar só links, por exemplo. Então não posto links nem com texto junto. Enfim.
Um assunto que eu tinha um dia desses era “poetas que escrevem sobre política”, ou “poetas que escrevem poemas políticos”. A firmeza do que eu pensava permaneceu, mas o ímpeto de começar algo falando nisso se esvaiu pouco a pouco, conforme se passaram os dias da semana. Quem me conhece tem ao menos uma vaga idéia do que penso sobre isso, não seria nenhuma grande surpresa. Mas o momento voltará, e falarei algo a esse respeito.
A Internet propicia contato, mesmo que unilateral (do tipo: eu só leio, mas sem ter resposta) com pessoas que sabem muito, e isso é bom. Por outro lado faz as coisas caírem numa certa chatice: qualquer departamento que se procure tem já uma comissão de príncipes. Daqueles a quem um anjo louro, no nascimento, disse: “vai lá, ser relevante na vida”. Assim andei relativamente apático por uns dias, na certeza de que nenhum movimento meu acrescenta coisa nenhuma ao Universo. Isto serviu para descansar, para o relaxamento que comigo é quase impossível. Será que serviu também para deprimir? Não comento.
Mas eis: “tu nada acrescentas; começa desse zero o teu caminhar e preocupa-te com que chegues, tu, ao destino”. Acho que é isso. Nem ia escrever aqui essa frase como que proferida por oráculo, mas aí seria uma adulteração destas mundanas escrituras azuis.
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